Eduardo Russo comenta fechamento da balança comercial de 2020 e as expectativas para esse ano.

Em 2020 apesar das quedas nos volumes absolutos de importação (- 9,7%) e exportação (- 6,1%), que foram afetados diretamente pela pandemia de COVID-19, o país conseguiu manter seu superávit comercial em USD 50,9 bi, o terceiro maior de toda a série histórica, superando inclusive o registrado em 2019 (USD 48 bi).

Durante o ano passado apesar de quase todos os setores terem sofrido impactos substanciais por conta da pandemia, vale destacar o aumento de 6% nas exportações de produtos agropecuários, reforçando mais uma vez que o os setores primários são os que melhor tem se saído em meio a esse cenário de limitação da circulação de produtos e pessoas, tendo em vista que o agronegócio brasileiro já é atualmente um setor intensivo em mecanização e tecnologia, com uma necessidade cada vez menor de intervenção humana.

No que diz respeito às importações, apesar de todos os setores terem apresentado queda, no mês de dezembro/2020 foi registrado um grande aumento de 49,6% na compra de produtos da indústria de transformação, que são justamente aquelas responsáveis por transformar matéria prima em produtos finais ou intermediários. Esse foi o mês em que mais se importou, registrando um déficit de USD 42 milhões, e vindo a influenciar o resultado anual da balança comercial que poderia ter sido ainda mais positivo.

Em termos de parceiro comercial, a Ásia mais uma vez vem reforçando o papel de protagonista no que diz respeito ao maior destino das exportações brasileiras. Enquanto que as vendas gerais caíram 6,1%, as exportações para países como China, Macau e Hong Kong tiveram a maior alta do ano, 7,3% se comparado a 2019. Já para parceiros tradicionais como Estados Unidos, Argentina e União Europeia, conseguimos observar as maiores quedas, de 27,2%, 12,7% e 13,3%, respectivamente.

Para 2021 as previsões são de alta tanto para importações (+5,8%) quanto exportações (+5,3%), o que deve resultar na alta também no saldo da balança comercial, onde espera-se chegar a um superávit de USD 53 bi. Isso representa o aumento das expectativas de negócio para o comércio exterior brasileiro, e deve impactar positivamente inclusive no mercado de trabalho com contratação de mão de obra para operar o setor.

Eduardo Russo é coordenador e professor dos programas: Comércio Exterior na Era Digital e Importação e Exportação na Prática. Doutorando do COPPEAD/UFRJ, Eduardo possui mestrado em Gestão Internacional pela Universidade de Bordeaux na França, Especialização em Gestão Empresarial pela UERJ, além de ser egresso da Primeira Turma do Curso de Bacharelado em Defesa e Gestão Estratégica Internacional da UFRJ, de onde recebeu a Diplomação de Dignidade Acadêmica por conta dos resultados alcançados.

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